Tornei-me tão amarga depois que perdi minha inocência. Não falo da inocência “física” e sim da inocência psicológica. Coisas que quando criança acreditava que fossem verdadeiras como papai Noel, coelhinho da páscoa, fada dos dentes dentre outros, hoje não tem sentido algum para mim. Sim,fui uma criança “a moda antiga” , daquelas que brincavam na lama sem medo de ser feliz. Daquelas que corriam só de calcinha, gritando e sorrindo e acredite-me era feliz. E sinto falta disso, desta doce inocência que se perdeu. Sinceramente, não me reconheço mais, às vezes me pego perdida em meus devaneios. Fico imaginando onde será que está àquela menininha gordinha, dos cabelos desembrenhados e nariz sujo, que amava comer tomate -risos- E assistir bob esponja foi parar. Cadê aquela menininha que tinha medo do escuro e das sombras dos próprios brinquedos. Aquela menininha que era mimada, que era o xodó da família, cadê ela? Não, eu nunca me orgulharei dessa mulher que me tornei, dessa pessoa que cansou de ser legal e que decidiu que o melhor a fazer é ser fria do que amar as pessoas. Tornei-me uma pessoa com medo de tudo, medo de coisas banais. Medo dessa sociedade maluca que exige tanto da gente. Sabe o “amor próprio”, pois é. Corro atrás do meu todo dia, já me peguei me dizendo uma frase que para muitos pode parecer estranha, mas que para mim serve de consolo ”Eu me amo e eu me basto”. Me tornei o tipo de pessoa que sabe que não pode confiar nem na própria sombra. Que tem medo das pessoas. Descobri que meu mundo de contos de fada, não é nada perto da realidade e tenho medo disto. Descobri que não devo ter medo das “sombras” pois os piores monstros existentes são as próprias pessoas. Cruéis e calculistas. Tenho medo de mim e muitas vezes dos meus atos. Não, eu não sei mais quem sou. Acho que sou apenas mais um grão de areia no grande e seco deserto da vida. Por quê? Porque eu descobri que nem mesmo o melhor mel continua o mesmo em um recipiente sujo. Ta ai a menininha doce se azedou, se tornando amarga.